Apostila CSB (I)
HISTÓRICO DO CANTO GREGORIANO
Os 6
períodos do Canto Gregoriano podem ser reduzidos, praticamente, a 4 principais:
1.
período de formação do repertório litúrgico: desde
o começo da Igreja, principalmente desde o fim das Perseguições (313) até S.
Gregório Magno (590):
2.
período do apogeu e da difusão:
a chamada IDADE DE OURO,
desde S. Gregório Magno (590 a 604) até o séc. XIII. A notação da melodia e do
ritmo;
3.
período de decadência: séc. XII e meados
do séc. XIX;
4.
período de
restauração: de meados do séc. XIX até nossos dias.
PRIMEIRO PERÍODO
O canto cultual da Igreja Católica
e, em sua origem, constituído por contribuições de fontes diversas. Difícil é
delimitar a parte de cada uma. O que é certo é que os primeiros cristãos
cantavam. Nosso Senhor mesmo lhes dera o exemplo, cantando na Última Ceia. Os
cantos da Sinagoga foram certamente muito utilizados.
Também é
certo que o Canto gregoriano nasceu com a Igreja, pois, desde seu início a
Igreja rezou e o canto foi a expressão coletiva e oficial de sua oração.
Cantavam-se Salmos, Hinos e Cânticos espirituais judeus (cf. Ep. aos Colos., 3, 16 e Ef., 5, 19-20).
Depois, à
medida que as comunidades cristãs se iam desenvolvendo entre os Gregos, os
Latinos, na Ásia Menor, na África, novos elementos se misturaram às melodias
primitivas, que muitas vezes tiveram de adaptar-se ao gênio dos povos e às suas
línguas. Assim, o Canto da Igreja também sofreu influência cultural das
diferentes civilizações que marcaram os tempos. Por exemplo, dos Gregos se
aproxima pelos MODOS,
dos Latinos adotou o CURSUS,
isto é, a notação derivada de acentos gramaticais, dos Orientais, HINOS (estrofe,
origem dos hinos) e a ANTÍFONA,
sem falar em mil pormenores, em mil temas felizes que eram recebidos no
repertório, como se recebe o que é belo.
Como resultou, porém, esta unidade
do Canto, apesar de elementos tão diversos? Não se sabe como explicá-lo. O fato
é que esta unidade se fez. Tudo que era particular, pessoal, tudo que se
diferenciava, tudo que trazia a marca da raça, de temperamento, de moda, de
gosto efêmero foi deixado de lado. Conservou-se apenas o que era capaz de unir,
o que tocasse o fundo das almas, o que revelava a vida profunda de cada um e de
todos. Formou-se, então UM
CANTO COLETIVO, de caráter universal a todo país e raça. Não era a voz
de um, não era a obra deste ou daquele, mas voz, a OBRA da IGREJA.
A partir do séc. III, a língua
latina foi adotada pela IGREJA
ROMANA, para a SUA
ORAÇÃO OFICIAL E LITÚRGICA.
Desde as origens
do cristianismo era de uso que esta oração não fosse apenas recitada. Para ser
expressa com mais força e solenidade, acompanhavam-se de inflexões de voz,
verdadeiros tons musicais. Estas inflexões eram simples e fáceis nas partes
cantadas pelo povo; mas as partes reservadas aos solistas (cantores) eram
enriquecidas por desenvolvimentos musicais, maiores ou menores, conforme as
circunstâncias. Este modo de cantar, pois, remonta à mais alta antiguidade.
No séc. IV
terminam as Perseguições. O Culto Cristão é reconhecido oficialmente e se
desenvolve com toda liberdade. A Igreja constrói magníficas Basílicas, ricas,
suntuosas. Faz-se apelo a todas as artes para servirem ao abrilhantamento do
Culto Divino. A música torna-se ainda mais serva na Santa Liturgia.
S.
Agostinho conta-nos com que enternecimento, mesmo depois de sua conversão,
ouvia em MiIão as melodias que S. Ambrósio fazia cantar, e como todas estas
melodias dispuseram sua alma para a conversão.
No século
IV, V e VI desenvolve-se grande atividade litúrgica e musical (sempre vão de
par). E isto em todas as Igrejas cristãs no Oriente e do Ocidente. Forma-se o
repertório musical, desenvolve-se. Surgem as SCHOLÆ
CANTORUM por toda parte
do Império (cf. Schulter -
Liber Sacramentorum, t. 1).
O LIBER
PONTIFICALIS nos indica o que fizeram os Papas do V e VI séculos:
·
Em 384, S. Damásio
torna oficiais a SALMODIA,
a ANTÍFONA, e
introduz o ALLELUIA na Missa Romana;
·
Em 440, S. Xisto funda
um mosteiro para o estudo do Canto;
·
Em 461, S. Leão
instituiu todo o canto anual;
·
Em 526, João escreveu
em ordem o canto anual do ciclo.
Mas, como veremos no 2.º período,
foi particularmente em Roma que a Liturgia e o Canto Sagrado conheceram novo e
esplêndido progresso.
(incompleto)
Extraído do antigo site do Coral São Boaventura (de Campos-RJ).
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