sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Apostila CSB: Histórico do Canto Gregoriano

Apostila CSB (I)

HISTÓRICO DO CANTO GREGORIANO
Os 6 períodos do Canto Gregoriano podem ser reduzidos, praticamente, a 4 principais:
1.      período de formação do repertório litúrgico: desde o começo da Igreja, principalmente desde o fim das Perseguições (313) até S. Gregório Magno (590):
2.      período do apogeu e da difusão: a chamada IDADE DE OURO, desde S. Gregório Magno (590 a 604) até o séc. XIII. A notação da melodia e do ritmo;
3.      período de decadência: séc. XII e meados do séc. XIX;
4.      período de restauração: de meados do séc. XIX até nossos dias.
PRIMEIRO PERÍODO
O canto cultual da Igreja Católica e, em sua origem, constituído por contribuições de fontes diversas. Difícil é delimitar a parte de cada uma. O que é certo é que os primeiros cristãos cantavam. Nosso Senhor mesmo lhes dera o exemplo, cantando na Última Ceia. Os cantos da Sinagoga foram certamente muito utilizados.
Também é certo que o Canto gregoriano nasceu com a Igreja, pois, desde seu início a Igreja rezou e o canto foi a expressão coletiva e oficial de sua oração. Cantavam-se Salmos, Hinos e Cânticos espirituais judeus (cf. Ep. aos Colos., 3, 16 e Ef., 5, 19-20).
Depois, à medida que as comunidades cristãs se iam desenvolvendo entre os Gregos, os Latinos, na Ásia Menor, na África, novos elementos se misturaram às melodias primitivas, que muitas vezes tiveram de adaptar-se ao gênio dos povos e às suas línguas. Assim, o Canto da Igreja também sofreu influência cultural das diferentes civilizações que marcaram os tempos. Por exemplo, dos Gregos se aproxima pelos MODOS, dos Latinos adotou o CURSUS, isto é, a notação derivada de acentos gramaticais, dos Orientais, HINOS (estrofe, origem dos hinos) e a ANTÍFONA, sem falar em mil pormenores, em mil temas felizes que eram recebidos no repertório, como se recebe o que é belo.
Como resultou, porém, esta unidade do Canto, apesar de elementos tão diversos? Não se sabe como explicá-lo. O fato é que esta unidade se fez. Tudo que era particular, pessoal, tudo que se diferenciava, tudo que trazia a marca da raça, de temperamento, de moda, de gosto efêmero foi deixado de lado. Conservou-se apenas o que era capaz de unir, o que tocasse o fundo das almas, o que revelava a vida profunda de cada um e de todos. Formou-se, então UM CANTO COLETIVO, de caráter universal a todo país e raça. Não era a voz de um, não era a obra deste ou daquele, mas  voz, a OBRA da IGREJA.
A partir do séc. III, a língua latina foi adotada pela IGREJA ROMANA, para a SUA ORAÇÃO OFICIAL E LITÚRGICA.
Desde as origens do cristianismo era de uso que esta oração não fosse apenas recitada. Para ser expressa com mais força e solenidade, acompanhavam-se de inflexões de voz, verdadeiros tons musicais. Estas inflexões eram simples e fáceis nas partes cantadas pelo povo; mas as partes reservadas aos solistas (cantores) eram enriquecidas por desenvolvimentos musicais, maiores ou menores, conforme as circunstâncias. Este modo de cantar, pois, remonta à mais alta antiguidade.
No séc. IV terminam as Perseguições. O Culto Cristão é reconhecido oficialmente e se desenvolve com toda liberdade. A Igreja constrói magníficas Basílicas, ricas, suntuosas. Faz-se apelo a todas as artes para servirem ao abrilhantamento do Culto Divino. A música torna-se ainda mais serva na Santa Liturgia.
S. Agostinho conta-nos com que enternecimento, mesmo depois de sua conversão, ouvia em MiIão as melodias que S. Ambrósio fazia cantar, e como todas estas melodias dispuseram sua alma para a conversão.
No século IV, V e VI desenvolve-se grande atividade litúrgica e musical (sempre vão de par). E isto em todas as Igrejas cristãs no Oriente e do Ocidente. Forma-se o repertório musical, desenvolve-se. Surgem as SCHOLÆ CANTORUM por toda parte do Império (cf. Schulter - Liber Sacramentorum, t. 1).
O LIBER PONTIFICALIS nos indica o que fizeram os Papas do V e VI séculos:
·        Em 384, S. Damásio torna oficiais a SALMODIA, a ANTÍFONA, e introduz o ALLELUIA na Missa Romana;
·        Em 440, S. Xisto funda um mosteiro para o estudo do Canto;
·        Em 461, S. Leão instituiu todo o canto anual;
·        Em 526, João escreveu em ordem o canto anual do ciclo.
Mas, como veremos no 2.º período, foi particularmente em Roma que a Liturgia e o Canto Sagrado conheceram novo e esplêndido progresso.


(incompleto)
Extraído do antigo site do Coral São Boaventura (de Campos-RJ).

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