Apostila CSB (III)
AOS REGENTES
1. HISTÓRIA
Na Idade Média a direção do coro
era reservada aos cônegos e o nome do primeiro cantor (que entoaria os salmos)
era colocado na cera e, por isso era conhecido como primicério,
isto é, primeiro nome na cera. Depois também ficou conhecido como preacentor, ou
seja, superior dos
cantores.
Nos dias
de hoje é salutar o costume de ter o coro regido por clérigo,
embora, devido a grande falta de sacerdotes, isto se torna muito difícil.
2. O QUE É REGÊNCIA
Em música, esse termo significa
dirigir um grupo coral ou instrumental baseado em certo número de gestos
convencionados entre os executantes e o regente e definidos para todos. Os
gestos do regente são feitos com os braços, os dedos e, até certo ponto, por expressões
fisionômicas e corporais.
3. TIPOS DE REGÊNCIA
São dois planos, distintos
fundamentalmente na prática de trabalho e de ensino.
3.1. Regência Orquestral
Esta regência é mais técnica em
virtude de os regentes, em muitos casos, regerem orquestras como visitante e,
por isso, com pouco tempo para ensaios, o que não permite que o regente tenha
gestos particulares, convencionados entre os executantes da música. Esta
regência, normalmente, é feita com a batuta, o que torna os sinais mais
precisos.
3.2. Regência Coral
Normalmente os corais são compostos
por pessoas amadoras, o que torna maior o trabalho do regente para formar o
conjunto com os cantores e requer maior convívio. Este fato faz com que o regente
possa convencionar gestos particulares com o seu grupo.
Os gestos
utilizados na regência coral são feitos com os braços, mãos e, até, com os
olhos.
É bom
lembrar que, reger não é apenas marcar tempo. No canto coral se observa andamento, dinâmica, expressão própria de cada
peça musical, não podendo o regente permitir que o coro cante
todas as músicas de uma única forma.
4. CONDIÇÕES PARA SER REGENTE
Um regente não nasce feito, mas as
características principais para se tornar um é ter talento nato para a música e ter liderança. Baseado nessas
qualidades deve o aspirante a regente seguir estudando intensivamente outras
técnicas para ser regente e melhor se aperfeiçoar.
4.1. Talento Nato
Algumas características que revelam
o talento nato:
- Coragem,
- Determinação,
- Motivação,
- Competência,
- "Bom ouvido",
- Desembaraço,
- Desinibição,
- Criatividade.
4.2. Liderança
Características do líder:
- Bom planejador (objetivos, atividades, organização geral),
- Humilde, que saiba definir responsabilidades,
- Acessível a opiniões e a cooperação,
- De raciocínio rápido,
- Que saiba elogiar.
4.3. Outras Condições
Calma e paciência - toda
manifestação de irritação, impaciência ou má vontade cria tensões prejudiciais
ao grupo. Isto não significa que o regente não possa ter suas características
de temperamento.
Responsabilidade
e pontualidade - como bom planejador, o regente deve cumprir religiosamente o
que foi planejado e a pontualidade aos compromissos demonstra também sua
responsabilidade.
5. FORMAÇÃO
Um bom regente deve ter sólida formação cultural.
Conhecer diversos estilos
de música, ritmos, compositores, enfim, tudo que se relacionar à
História da Música.
O domínio, ou, pelo
menos, alguma habilidade num instrumento
musical, de preferência o órgão é bastante importante para a formação
do regente.
Deve o
regente procurar aperfeiçoar-se em cursos de técnica vocal para, desta forma, poder dar os
exemplos necessários ao seu grupo coral.
O conhecimento básico de algumas línguas,
principalmente a pronúncia,
é muito importante para a formação do regente. Para o coro litúrgico o conhecimento do latim é de vital importância, pois assim
poderá o regente ensinar a pronúncia correta e também o sentido daquilo que se
está cantando.
6. COMO SE FAZER ENTENDER?
Cada coro tem a personalidade
marcada de forma indelével pelo estilo de seu regente, por isso, ele deve se
exercitar ao máximo junto aos cantores, para que os seus gestos sejam precisos
e rapidamente compreendidos.
Estas
breves notas não têm a intenção de definir a forma de se reger um coro, mas
apenas dar algumas "dicas".
A regência
coral depende de um convívio estreito dos cantores com o seu regente e, por
isso, seus sinais são convencionados entre os próprios cantores e ele. No
entanto, alguns sinais devem seguir certos princípios como, por exemplo, o
gesto de diminuir a intensidade do som (piano) nunca pode ser abrindo os
braços, nem o de aumentar a intensidade do som (forte) ser fechando os braços.
Os gestos de marcar compasso (andamento) devem ser feitos com a mão direita e
os de dinâmica, com a mão esquerda; isto pode ser seguido, mas não é uma
imposição.
Ao reger
seu grupo deve o regente ter as mãos não muito altas e nem muito baixas, mas
mantê-las, mais ou menos, entre o tórax e o abdômen, fazendo gestos leves,
sutis e de forma maleável estabelecê-los ou, até, mudá-los de acordo com a
necessidade do coro.
É bom
fazer exercícios com os sinais convencionados pela regência e treiná-los com
músicas conhecidas do coro, mudando andamento e dinâmica para que o grupo
perceba as diferenças e o regente sinta se o coro está atento e em consonância
com ele. O coro deve estar "pendurado" nas mãos do regente, e não este nas
mãos do coro.
7. AVISO IMPORTANTE
No
tópico 4.2 falou-se sobre a organização e, para o planejamento do coro
litúrgico é necessário que o regente tenha conhecimentos sólidos de liturgia e
dos documentos sobre música sacra para poder programar as músicas a serem
ensaiadas dentro da correção litúrgica do ciclo, da festividade e também de
acordo com as normas prescritas pela Santa Igreja Católica (v. apostilas para
os organistas, sobre canto gregoriano e para os cantores, que completam esta série).
Extraído do antigo site do Coral São Boaventura (de Campos-RJ).
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